Os Laboratórios de Inovação da Água (WIL) são parte de um programa mundial que desde 2010 desenvolve jovens lideranças da água. Criado no Canadá pela Waterlution, instituição que tem como objetivo promover o diálogo entre diferentes setores sobre o uso sustentável da água, o projeto chega à sua 5ª edição no Brasil.
Os participantes, entre 18 e 35 anos, são treinados para pensar em soluções sistêmicas e inovadoras para a questão da água e saneamento em quatro frentes: transferência de conhecimento, fortalecimento da rede, habilidades de liderança e inovação colaborativa, numa abordagem interdisciplinar e holística.
Os encontros, neste ano em formato híbrido, online e presencial, acontecem por meio de masterclasses, visitas de campo, exploração técnico-científica de territórios, atividades culturais e artísticas e planejamento, com atenção especial para as questões climáticas, de diversidade, e de valorização do conhecimento tradicional. A plataforma também busca fortalecer a sua rede colaborativa de jovens empreendedores, pesquisadores e artistas, que compartilham suas experiências e conhecimentos de diferentes culturas e regiões do país.
As vivências são práticas e acontecem em campo, onde os jovens líderes são apoiados por mentores e especialistas em tecnologias de tratamento de água, desenvolvimento de políticas públicas e gerenciamento de água em nível comunitário, com desafios e prazos específicos para estimular a geração de ideias aplicáveis para o futuro da água.
Segundo Dawn Fleming, coordenadora do programa no Brasil, o comprometimento de novas lideranças jovens somado às tecnologias sociais viáveis para rápida implementação já resultou em 65 projetos inovadores desde que o programa chegou ao país. “Nossa metodologia busca gerar reflexões coletivas sobre a questão do acesso e do tratamento de água. O resultado são soluções que emergem de forma orgânica e criativa”, complementa.
Inovação coletiva para a ameaça de escassez
O acesso à água de qualidade para todos continua sendo um desafio no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada e há uma perda média de 37% no sistema de abastecimento.
Esses dados contradizem a percepção de abundância do recurso, já que 12% da água doce do planeta está concentrada no país, que abarca 12 regiões hidrográficas. No entanto, apesar de 75% do planeta Terra ser constituído por água, 97% dela não pode ser consumida por ser salgada e o restante de água doce está congelada ou concentrada no subsolo. Isso significa que os reservatórios que abastecem residências, indústria e agricultura correspondem a menos de 1% do total, sobrando pouco para consumo próprio.
Fatores como as mudanças climáticas e a intervenção do homem crescem como principais ameaças ao estoque hídrico, pois estimulam o desaparecimento de nascentes e rios e o aumento da poluição das bacias hidrográficas. Por isso, medidas para mitigar esses impactos e mudar o comportamento da sociedade são urgentes para evitar impactos socioambientais e econômicos de longo prazo.
“O IPESA tem muito orgulho em fazer parte do Water Innovation Lab desde o seu início no Brasil, em 2017. Nesses cinco anos, testemunhamos o poder da colaboração conectado à vontade de ajudar e trazer soluções práticas dos 346 jovens que já passaram pelo programa. Como mentora, aprendi muito com as diferentes perspectivas e realidades desses jovens”, destaca Paola Samora, diretora-presidente do IPESA.
Sobre a 5ª edição do WIL Brasil 2021
Neste ano, o WIL Brasil acontece em um ciclo de três fases com início no primeiro semestre de 2021 e encerramento entre janeiro e março de 2022. O projeto vai percorrer territórios em todo o Brasil para uma atuação local efetiva e para possibilitar que projetos inovadores sejam colocados em prática a fim de contribuir com a resiliência e adaptação quanto ao uso responsável da água.
Mais informações e inscrições em waterlution.org/brasil e nas redes sociais #WILBrasil e @waterlution